VOCÊ SABIA...que no dia 06 de janeiro de 1868, nasceu em Resende-RJ, o ex-prefeito ALBERTO WHATELY? Neto de Thomaz Whately, inglês e anglicano, que foi o primeiro médico-cirurgião a se estabelecer em Resende, e filho do também médico Thomaz Whately Jr. e de Estefânia Pereira Barreto, musicista amadora, filha do Cel. Rodrigo Pereira Barreto. Veio, adolescente, para o então Distrito de Cravinhos, município de Ribeirão Preto, na companhia de seus pais e parentes Pereira Barreto, que se estabeleceram com fazendas, na década de 1880. Como já lembrado em outros textos, o seu avô materno, Cel. Rodrigo Pereira Barreto, foi proprietário de grandes extensões de terra, político e líder monarquista, tendo hospedado em seu solar o casal imperial, D. Tereza Cristina e Dom Pedro II, por ocasião da visita realizada em 1886.  Com esse estofo familiar, Alberto casou-se com Albina Schmidt, filha do abastado Cel. Francisco Schmidt e, com a morte do “Rei do Café” em 1924, herdou a Fazenda Iracema, grande produtora de café e com estação da Cia. Mogiana, do ramal de Sertãozinho. Importante cafeicultor e membro do conselho consultivo da Sociedade Rural Brasileira, transformou-se em líder do PRP, depois do desaparecimento dos dois maiores chefes políticos da cidade, e que digladiavam entre si, o seu sogro e o Cel. Joaquim (Quinzinho) da Cunha Diniz Junqueira, morto em 1932. Foi Presidente do diretório local do Partido Republicano Paulista – PRP. Por força da Constituição de 1934 (decorrente da Revolução de 1932), nas eleições municipais diretas para vereadores, realizadas em 15/03/1936, Whately foi eleito vereador pelo seu partido, que elegeu 07 vereadores, o Partido Constitucionalista-PC fez 05 vereadores e a Ação Integralista Brasileira- AIB 1 vereador. O mais votado foi Camillo de Mattos, do PRP, com 1.115 votos. Instalada a Câmara Municipal, no dia 04/05/1936 deu-se a posse dos eleitos e foi realizada a eleição indireta para prefeito. Os 07 vereadores do PRP votaram em Alberto Whately. Os 05 vereadores do Partido Constitucionalista (PC) votaram no ex-presidente do partido e ex-prefeito João Rodrigues Guião.  O único vereador integralista, Luiz de Souza Freire Filho votou nele próprio. Assim eleito, Alberto exerceu a Chefia do Executivo de 04/05 a 16/09/1936, data na qual, por motivo de doença, Whately  pede afastamento temporário. Feita nova eleição os vereadores do PRP votaram, para prefeito interino, em Fábio Barreto, primo de Alberto. Os do PC novamente sufragaram o nome de João Rodrigues Guião e o integralista tornou a votar nele próprio.  Todavia, em 15/01/1937, Whately exonerou-se do cargo de prefeito, tendo Fábio Barreto permanecido definitivamente. Alberto Whately foi pai do agrônomo e presidente da Cooperativa Central dos cafeicultores da região da Mogiana, Thomaz Alberto Whately (1909). Foram também seus filhos:  Roberto Whately, nascido em 1913, e Marina Whately da Costa Marques, nascida em 1918. Whately faleceu em São Paulo, em 14/09/1950, de problemas cardíacos. Como curiosidade, é de ser acrescentado que o pai de Alberto, Thomaz Whately Jr., embora fosse médico, a sua paixão era a agricultura, uma tradição familiar desde Resende. Assim, adquiriu a “Fazenda Ibiapina”, em Cravinhos, em sociedade com o irmão Alfredo Whately, advogado em Resende e que ali permaneceu. No seu livro “O Café em Resende no século XIX”, Maria Celina Whately publicou uma série de cartas trocadas pelos irmãos, que servem de retrato da realidade em que vivia esta região, no final do século 19 e logo no início do século 20. Revelam  que o desenvolvimento e a atividade cafeeira provocaram o êxodo dos fluminenses para a região de Ribeirão Preto, que apresentava os antigos problemas relativos à demarcação de terras e os altos e baixos da cafeicultura. As missivas lembraram, outrossim, do bom relacionamento da família Whately com os Pereira Barreto. As cartas narram, inclusive, o sucesso e a crise em torno dessa relação de negócios entre os irmãos. Com efeito, com o empenho de Thomaz Whately Jr., a Fazenda Ibiapaba floresceu e os lucros gerados o incentivaram a adquirir outra fazenda, a ”Uberaba”, contra a vontade do irmão. Em 1891, Estefânia faleceu e Thomaz Jr. contraiu 2as núpcias com Francisca Leitão de Araújo, de Jacarei-SP. Mudaram-se para São Paulo, onde tiveram mais os filhos Maria, Thomaz Paulo, José e Otávio. As propriedades passaram a ser geridas pelo administrador Flausino José Correia e os lucros da “Ibiapaba” passaram a ser consumidos pelos gastos da família e pelos prejuízos da “Uberaba”. Segundo outra carta dirigida pelo irmão sócio, Alfredo, ao Cel. Arthur Diederichsen, as dívidas ultrapassavam 400 contos, valor considerável para a época. A situação tornou-se tão preocupante que, em cartas datadas de 1900 e 1901, Thomaz Jr. declara a Alfredo “...tenho preferido prejudicar-te a prejudicar estranhos... ou você fica com um dos dois sítios Ibiapina e Uberaba ou continua a arriscar-se comigo nesta tremenda crise”. Dessa situação sucedeu, porém, o inesperado. O fato é que, em estado de desespero e julgando poder recuperar o que fora perdido, Thomaz aplicou o resto do que tinha na Bolsa de Valores, inclusive o capital do irmão Alfredo, tendo tido o seu objetivo frustrado. A isso, somou-se grave crise do café anos iniciais do século XX. Alucinado com a situação, Thomaz Whately Jr suicidou-se em 1903, pondo fim à sociedade de forma abrupta, deixando o irmão Alfredo em péssimas condições financeiras e emocionais. Depois dessa tragédia, os negócios que restaram passaram a ser cuidados pelo Cel. Arthur Emílio de Aguiar Diederichsen, pessoa próxima da família e que tinha propriedades comum com membros da família Pereira Barreto. Ainda a respeito de Alberto Whately, tendo a política local mudado de mãos, na eleição municipal de 1947 (pouco antes de sua morte) nenhuma homenagem lhe foi prestada, sequer o nome de rua. Veja, nos links:

Sinopse do livro "O Café em Resende no século XIX"

A "Caravana Pereira Barreto", que os Pereira Barreto, influenciando os Whately: