VOCÊ SABIA...que, no dia 30 de
março de 1925, foi criada a UNIÃO GERAL DOS TRABALHADORES – UGT ? Entre 1907 e 1920 foram anos de grande
ativismo sindicalista. Por aqui houve a primeira manifestação em defesa da classe
operária com a criação da "Liga Operária de Ribeirão Preto", composta
em sua maioria por anarquistas italianos.
Durante as décadas de 1920 e 1930, em decorrência da abertura de
fábricas, houve o crescimento do número
de operários e era imperiosa uma melhor organização. Por essa razão deu-se a
fundação da UGT, cujos estatutos foram registrados em 06/05/1925. Os primeiros
diretores foram Guilherme Milani (presidente), vendedor; Rômulo Pardini,
sapateiro, e Gustavo Wiermann, pedreiro, vindos os dois primeiros do movimento
anarco-sindicalista e, mais, João Pontim e Ângelo de Gaetani. Nos primeiros
tempos, para cooptar associados, a UGT, ainda indefinida ideologicamente dada a
mescla de seus fundadores, comunistas, anarquistas, reformadores,
pequenos comerciantes e alguns profissionais liberais, foi uma entidade assistencialista,
desenvolvendo programas sociais, como
cooperativa de aquisição de alimentos, junta de socorros, que ajudava
financeiramente associados enfermos e desempregados, criação de escolas, bibliotecas e assistência
médica e contra o alcoolismo. Concorria com as atividades assistenciais do
"Circulo Operário", fundado pelo Padre Euclides. Entre 1925 e 1928, a
UGT não restringia a inscrição de sócios. Bastava serem
maiores de 16 anos e estar em dia com as mensalidades, para usufruir desses
benefícios. Todavia, assim que, em 1928, os comunistas assumiram a diretoria da entidade, constituíram uma comissão para revisar os
estatutos, formada pelo então presidente Pedro Campana, Cesar Tupynambá
Roselino, Ângelo de Gaetani, Izaac Camargo e Canuto Barbosa Viera. Com a
reforma dos estatutos, a situação
modificou-se. A UGT converteu-se na instituição sindical de maior expressão em
Ribeirão Preto e os comunistas, valendo-se do período da crise de 1929, tornaram-se
hegemônicos, expurgando aqueles que não comungavam com as suas ideias e modo de agir. Assim, nela imprimiram a doutrinação do Partido Comunista. Uniu, organizou e conscientizou os trabalhadores
locais e da região, urbanos e rurais. Com
efeito, fundado em 1922, o PCB ou "Partidão", desde o seu início, teve a única preocupação de ter a predominância no meio sindical. Assim, os
seus militantes, ao se apoderarem da UGT, passaram a utilizá-la como fachada
legal para a sua militância política e sindical. A UGT, a partir de então,
transformou-se numa célula vermelha, servindo como fomentadora e descobridora
de novos militantes que atuaram decisivamente na organização sindical dos
trabalhadores da região. Uma vez que o PC fora proibido de atuar, em 1927, alertada, a partir de 1929, a polícia política passou a vigiar a UGT. Em 12/01/1930,
quando ali estava sendo realizado o “Congresso dos Colonos e Trabalhadores
Agrícolas”, antes que a reunião terminasse, a Polícia invadiu a UGT e prendeu
vários de seus diretores comunistas, dentre eles Ângelo De Gaetani, Ricardo
Pinatti, Guerino Benassi e Rômulo Pardini.
Essa repressão motivou alteração na composição da diretoria, voltando a ter outros elementos também preocupados com
as causas sociais, dentre eles os católicos e os partidários do Getulismo, os quais, a partir de 1930, passaram a dar as cartas até a defenestração do
ditador em 1945. Porém, mesmo na ilegalidade (até 1945) e com a
influência enfraquecida na UGT, os antigos pecebistas participaram ativamente da arrecadação de
fundos para a construção da sede própria situada à rua José Bonifácio, n.59,
inaugurada em 04/01/1934. No período de grande sindicalização incentivada pelo governo de Getúlio Vargas, a partir de
1932, a UGT igualmente serviu de sede inicial para sindicatos, como os dos
Sapateiros, dos Alfaiates, dos Trabalhadores na Indústria Mobiliária, dos
Metalúrgicos, dos Empregados em Hotel, Bar e Estabelecimentos Congêneres, dos
Gráficos, dos Empregados em Indústrias de Bebidas e da Construção Civil . À medida que essas entidades sindicais cresciam,
instalavam-se em suas sedes próprias e eram controladas pela máquina do Partido Trabalhista Brasileiro-PTB
getulista, criado em 15/05/1945. Mesmo na ilegalidade, os comunistas tentaram se contrapor ao peleguismo getulista, combatendo o Ditador. Isto, porém, não os impediu de participar das campanhas em defesa do "Petróleo é Nosso", pela "Reforma Agrária", ter a iniciativa dos "Movimentos Sociais Contra a Carestia", pela "Organização dos Sindicatos", a seu modo, bem como das eleições seguidas à redemocratização do país, dentre outras. Finalmente a UGT, tida como símbolo da organização trabalhista regional,
entrou em decadência. A nova quebra do regime democrático, em 1964, foi a pá de cal em sua existência,
sofrendo com a nova repressão. Por conseguinte perdeu a sua identidade, tendo sido ocupada pela Sociedade Recreativa José do Patrocínio, que a transformou, por muito tempo, em local de
bailes populares e, até mesmo, em escola de cabeleireiro. Em 26/02/2004, pelo Decreto Municipal n° 48, o imóvel foi
tombado como patrimônio histórico. Beneficiou-se de um "Termo de Ajuste de Conduta" firmado entre o Ministério Público local e a empresa WTorres, de São Paulo. A empresa quis transformar um bem histórico preservado (Cerâmica São Luiz) em estabelecimento comercial (Supermercado Carrefour). No acordo, a W.Torres adquiriu o imóvel da UGT e o restaurou, tendo sido o projeto do arquiteto Carlos Alberto (Tuca) Palladini. Além da aquisição e restauração do imóvel, a empresa se obrigou a reformar o Museu do Café e a parte remanescente (fornos e chaminés) da própria Cerâmica São Luiz. Depois da
restauração do prédio da rua José Bonifácio, o local foi doado para a ONG
“Associação Cultural e Ecológica Pau Brasil”, que ali mantém a sua sede, e
colaborou para a implantação do Memorial da Classe Operária-UGT, também ali sediado. A Associação disponibiliza o espaço para
realização de eventos culturais, reuniões, assembleias, cursos e palestras
tendo instalações adequadas. O Memorial, por sua vez, sedia a Associação Amigos do
Memorial da Classe Operária – UGT que foi criada para dividir a responsabilidade
de implantação do Memorial e que atualmente é um "Pontão de Cultura", disponibilizando
textos, fotos, imagens, livros, entrevistas orais gravadas, matérias de jornais
da época, sentenças judiciais, depoimentos resultantes de inquéritos policiais
e administrativos, cartas, panfletos e documentos pessoais. (informações colhidas
no site da Associação Cultural e Ecológica Pau Brasil e no livro “Comunistas em Ribeirão Preto –
1922-1947”, de Lilian Rodrigues de Oliveira Rosa)
VEJA FOTOS DO PRÉDIO DA UGT, POSTADAS NO FACEBOOK:
https://www.facebook.com/groups/352813591462861/search/?q=UGT
VEJA UM VÍDEO QUE MOSTRA O PRÉDIO DA UGT
https://www.youtube.com/watch?v=3j93e0NeH_E
VIDEOS SOBRE
O MOVIMENTO OPERÁRIO NO BRASIL
https://www.youtube.com/watch?v=evKk20LbUlo
https://www.youtube.com/watch?v=vybYkESr_qg