VOCÊ SABIA...que, no dia 20 de fevereiro de 1909, foi doado
por D. FRANCISCA SILVEIRA DO VAL ao
Bispado o terreno do PALÁCIO EPISCOPAL? Recebido
o terreno em doação, o bispo Dom Alberto José Gonçalves deu início à construção
do que é chamado o “Palácio do Bispo”, valendo-se de seus próprios recursos,
uma vez que era um homem rico, ex-senador e político do estado do Paraná. O
engenheiro arquiteto foi José Piffer, de Campinas-SP. O empreiteiro foi Ernesto Terreri (o mesmo
que sucedeu o construtor Emílio Fagnani na construção da Catedral) e a decoração foi feita pelo artista João
Batista Lami. Em estilo eclético, o edifício foi inaugurado em 13/04/1912 (hoje está tombado pelo Conppac e
Condephaat). Ao lado da construção, havia um jardim estilo italiano (área
usada, hoje, como estacionamento). A respeito da doadora, conhecida por D. Chiquinha do Val, foi ela uma das grandes
cafeicultoras do período áureo do café de Ribeirão Preto. Nasceu, em
07/02/1849, em Barra do Piraí-RJ. Em terras fluminenses, casou-se com
João Gomes do Val, engenheiro ferroviário e cafeicultor, nascido, em
10/03/1834, na fazenda São João Batista, em Rio das Flores-RJ. O casal, em
1879, fez parte da leva de cafeicultores provenientes dos municípios da região
de Resende-RJ, os quais, incentivados por Luiz Pereira Barreto, deixaram as
suas terras cansadas, para adquirirem as terras férteis de Ribeirão Preto, para
o plantio do "ouro negro", trazendo o conhecimento e o capital
amealhados na velha região cafeeira. Por
conseguinte, o casal adquiriu de Tomaz de Aquino Pereira (eleito vereador da
1a. Legislatura - 13/07/1874 a 14/06/1877) a propriedade que viria a ser tornar
a tradicional fazenda Santa Teresa, em sociedade com o cunhado e irmão Matheus
Gomes do Val Filho, de quem, posteriormente, Francisca e João compraram a
participação. No período áureo, a Fazenda Santa Teresa possuía um total de mil
alqueires de terra, com 800.000 pés de café produtivos, que lhe rendiam cerca
de 100 mil arrobas de produção por safra (algo em torno de um milhão e meio de
quilos). Cerca de 120 famílias moravam e trabalhavam na fazenda, espalhadas em
dez colônias, sendo a soma de trabalhadores da fazenda algo em torno de 1.500
pessoas, entre brasileiros e imigrantes. Havia cerca de 300 pessoas de
nacionalidade espanhola (inclusive a família Miessa, do ator Paulo
Goulart). Era provida de um terreiro de
secagem de café de 46.000 m², todo ladrilhado e servido por uma linha
Decauville (vagonetes). Sua tulha possuía maquinas de beneficiamento movidas a
energia elétrica. Nos limites da fazenda, havia duas estações ferroviárias: a
“Santa Teresa”, da linha tronco da Cia. Mogiana, e a “Silveira do Val”, do
ramal de Guatapará também da Cia. Mogiana. Da estação "Santa Teresa"
saía um ramal que a ligava à máquina de café da fazenda (v. link abaixo). Em
1886, João Gomes do Val fez parte, juntamente com Rodrigo Pereira Barreto e
Henrique Dumont, de "Comissão da Lavoura", para angariar donativos
para custear a visita do Imperador Pedro II. João Gomes do Val faleceu em
20/12/1887, aos 53 anos, em Ribeirão Preto. Viúva, Chiquinha do Val assumiu a
administração da fazenda, com a colaboração de seu primo Theotônio Mauricio
Monteiro de Barros. Além da doação do terreno ao bispado, Chiquinha contribuiu
com muitas entidades assistenciais. Chiquinha, com o tempo, mudou-se, passando
a residir em um palacete na Alameda dos Bambus, no bairro Serra da Cantareira
(Município de Mairiporã-SP). A propósito do primo e colaborador Theotônio
Maurício Monteiro de Barros foi ele pai de Theotônio Maurício Monteiro de
Barrros Filho, aqui nascido em 31/12/1901 e que foi Ministro da Educação do
Governo de João Goulart). Francisca
Silveira do Val faleceu, em São Paulo, no dia 24/11/1932. Atualmente na área da
Fazenda Santa Teresa, além das terras remanescentes dos herdeiros, estão implantados, além da Estação Ecológica de Ribeirão
Preto, o Shopping Iguatemi, estabelecimentos comerciais, edifícios de
apartamentos, os condomínios da série
Ipê e Estação Primavera (cujo salão de festas é a Estação Santa Tereza), dentre
outros, bem como o clube Golf, Escolas Liceu Albert Sabin e Concept. Ainda a
propósito do Palácio Episcopal, o engenheiro arquiteto, José Piffer, nasceu em
1872 em Bozen (Bolzano), Tirol (então pertencente à Áustria), e estudou
arquitetura em Rünchein (Alemanha). Veio em 1890 para o Brasil, onde exerceu a
sua profissão, durante 4 anos, em São Paulo. Durante a construção da nova
capital do estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, projetou e construiu
numerosos edifícios públicos e particulares, tais como a Faculdade Livre de Direito
e a Santa Casa de Misericórdia. Mudando-se para Campinas, em 1905, reconstruiu a
Matriz de Santa Cruz, e projetou e construiu o edifício do Centro Ciências,
Letras e Artes, Colégio do Sagrado Coração de Jesus, Casa Alemã (filial).
Em Ribeirão Preto, projetou o Palácio
Episcopal. Igualmente realizou trabalhos em Poços de Caldas.
VEJA SOBRE A ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE RIBEIRÃO PRETO
http://www.plataformaverri.com.br/?local=voceSabia&mes=7&dia=4
VEJA, NO LINK ABAIXO, MAIORES INFORMAÇÕES SOBRE O RAMAL FERROVIÁRIO DA FAZENDA SANTA TERESA, colhidas no Blog 'Vapor Minimo", por Leandro Guidini:
http://vapor-minimo.blogspot.com.br/2014/03/o-ramal-da-fazenda-santa-teresa.html
VEJA, NO LINK ABAIXO, TEXTO DE RALPH GIESBRECHT SOBRE A ESTAÇÃO SANTA TEREZA:
http://blogdogiesbrecht.blogspot.com.br/2012/07/as-esquecidas-historias-da-estacao-de.html
ESTAÇÃO SILVEIRA DO VAL:
http://www.estacoesferroviarias.com.br/s/s