VOCÊ SABIA...que, no dia 19 de março de 1876, os irmãos PEREIRA BARRETO deixaram a cidade de Resende-RJ, com a finalidade de se estabelecerem definitivamente na Fazenda Cravinhos e região, então município de Ribeirão Preto, onde introduziram o café "Bourbon"?. E, mais, que a data veio a ser oficializada como a de FUNDAÇÃO DE CRAVINHOS? Igualmente oportuna é a ocasião, para lembrar o que foi a "CARAVANA PEREIRA BARRETO" e demonstrar como foi concebido o café "BOURBON". Evocando os fatos, a epopeia desse deslocamento de Resende-RJ para Ribeirão Preto (onde surgiria Cravinhos) é relatada por José Eduardo de Oliveira Bruno, notável historiador do Vale do Paraíba. Segundo ele, “foi o começo do êxodo por parte dos cafeicultores do Vale do Paraíba, sobretudo de Resende, pois ecoava a voz do ilustre patrício, LUIZ PEREIRA BARRETO, e como grande era o prestígio junto a sua originária grei, verdadeira expedição conquistadora se desloca de Resende em direção ao “Oeste Paulista”, em busca de um novo campo de ação. Inicialmente, são os “Barreto” homens de recursos, ativos, sertanistas e inteligentes que lançaram diversas lavouras na região, disseminando princípios racionais de agricultura num meio até então considerado inóspito. Introduziram o café "Bourbon", que se espalhou vertiginosamente, trazendo a riqueza e a prosperidade que tomariam conta da economia da região e fariam Ribeirão Preto se tornar o novo “Eldorado do Café”. O município, no início do século tinha sua população constituída de 2/3 de fluminenses, sendo Resende o ponto em que a migração se revelou em maior amplitude. Toda essa transposição humana e de capitais é lembrada na obra "REMINISCÊNCIAS" (De Resende, Estado do Rio, para as plagas paulistas: S.Simão, Batatais, Altinópolis e Ribeirão Preto), de autoria do resendense Renato Jardim (1946), e, ainda, na marchinha carnavalesca “Vamos para São Simão que os cafés daqui não dão”, refletindo as consequências do cansaço das terras e principalmente pela falta de mão de obra escrava, decorrente da proibição do tráfico de escravos e das leis do Ventre Livre e dos Sexagenários. Assim, em janeiro de 1876, o coronel José Pereira Barreto, o primogênito irmão de Luiz, seu filho Fabiano, o ‘Bizinho’, seu sobrinho Antônio de Paulo Barreto Ramos e seus irmãos Miguel Pedroso Barreto e Francisco Pereira Barreto, saíram em expedição para conhecer as terras do então denominado “Oeste Paulista". Saindo de Resende, valeram-se da Estrada de Ferro Pedro II, depois Central do Brasil, seguindo até Cachoeira Paulista, ponto então terminal dessa via férrea. Ali chegados, reencontraram-se com seus escravos e pajens, transportando enormes cargueiros, que haviam partido antes pela estrada de rodagem, margeando a várzea do Paraíba. Dali, prosseguiram até Jacareí, onde os aguardava o Dr. Luiz Pereira Barreto, que os acompanharia às plagas tão faladas desse rincão promissor. Depois de uma demora de alguns dias em Jacareí, para descanso, os Pereira Barreto, seguros no feliz êxito da aventura a que iam entregar-se, puseram-se de novo a caminho do “Oeste paulista”, através da expedição que integravam, a que foi denominada de “Caravana Pereira Barreto”. Assim, partindo de Jacareí, os Barreto passaram por Camanducaia e Ouro Fino, em Minas Gerais e Espírito Santo do Pinhal, já na província de São Paulo. Logo chegaram a Casa Branca, onde ficaram hospedados na famosa fazenda “Brejão”, dos Silva Prado. A partir daí, foram guiados pelo coronel Hipólito de Carvalho, que conheceram naquela cidade. De Casa Branca e passando por São Simão, os Pereira Barreto chegaram à Fazenda Cravinhos, de 800 alqueires, que fora comprada de Antônio Caetano por Luiz Pereira Barreto, por 36:000$000 (trinta e seis mil contos de réis). Nesse período, inicia-se a formação da que viria a ser a cidade de Cravinhos. O local onde hoje ela se encontra fora a Fazenda Cantagalo, de 80 alqueires, também comprada por Luiz Pereira Barreto, de Domingos Borges, ao valor de 600$000 (seiscentos mil réis). Com a compra da ‘Cravinhos’ (hoje pertencente ao empresário Luís Biagi), os Barreto retornaram a Resende, para prepararem a mudança definitiva para a região de Ribeirão Preto, o que aconteceu no dia 19 de março de 1876. De sua parte, depois de acurada observação das terras da Região, Luiz Pereira Barreto, em 02/12/1876, passou a contar maravilhas delas numa série de artigos publicados no jornal "A Província de São Paulo" (hoje "Estadão"), com o título "A TERRA ROXA". Após idas e vindas, finalmente, os PEREIRA BARRETO se instalaram com as famílias completas, equipamentos agrícolas e cerca de 60 escravos para iniciar o plantio do café, a partir de 1878, após o desmatamento. E o café não era mais o “Typica”, o comum nacional, mas o “Bourbon”, cujas sementes tinham sido trazidas por Luiz Barreto da Fazenda Monte Alegre, na Vargem Grande, em Resende. Tal como a epopeia, fundamental é narrar como nasceu essa espécie de rubiácea. Foi uma experiência de fecundação por hibridação do café “Libéria” com o café Comum. Conta-se que o seu irmão, Francisco Pereira Barreto, encontrando-se no Rio de Janeiro na residência de um amigo, ali conheceu o comandante de um navio cargueiro, que trouxera da África embalagens de bambu com mudas de café “Libéria”, que tinha uma qualidade diferente do café vulgarmente conhecido no Brasil, que era o denominado como café Comum. Comprou várias mudas por um alto preço na ocasião e as levou para Resende, plantando-as na horta da Fazenda Monte Alegre e algum tempo depois, principiam a nascer ao redor das mudas do “Libéria”, umas quarenta ‘orelhas-de-onça’ denominação dada ao café quando nasce. Desenvolvendo-se as ‘orelhas-de-onça’, observaram os Barreto, que elas eram diferentes das plantas do “Libéria”, bem como do "Café Comum”. Essas plantinhas diferentes foram separadas e cuidadosamente transplantadas para covas definitivas. Por volta de 1865, quando retornara da Europa e passara a exercer a medicina em Resende, o Dr. Luiz Pereira Barreto interessou-se a prosseguir na experiência e, na primeira floração do “Libéria”, verificou tratar-se de café inferior, selvagem, pois era exagerado o tamanho das flores. Perdida essa florada, na segunda, resolveu o grande cientista provocar a fecundação artificial das flores do “Libéria” com as do café resultante das sementes nascidas nas embalagens e com as do café Comum. Portanto, feita a delicada operação, assinalou as flores fecundadas e algumas dessas flores vingaram, e os frutos, quando maduros, foram colhidos, plantados e convenientemente tratados. Contudo, vingaram cinco pés, apenas. Eram plantas lindas, com as características de excelente qualidade, e completamente diferentes do “Libéria” e dos demais. Com o produto desses cinco pés, ao cabo de quatro anos, os Barreto iniciaram a plantação, na Fazenda Monte Alegre, de regular cafezal de Bourbon, nome com que foi batizado pelo Dr. Luiz Pereira Barreto, o novo café obtido, apesar de aconselhado por amigos, para que lhe fosse dado a denominação de café “Barreto”. A preferência foi por se lembrar o Dr. Barreto, ter conhecido nas estufas da Universidade de Bruxelas, onde cursara Medicina, uma qualidade de café muito semelhante àquele, conhecido pelo nome de “Bourbon” (outra versão foi a de que pretendeu homenagear a dinastia a que pertencia a Imperatriz Teresa Cristina). Daí a história da famosa variedade conhecida pelo nome de café “Bourbon” que se destacou pela grande produção de seus arbustos de 2 a 3 metros de altura, de forma mais ou menos cilíndrica com folhas verde-claras e quando maduras ficam verde escuras, elípticas, levemente coriáceas, com lâmina e margem mais ondulada do que a variação “typica”. Luiz Pereira Barreto, vibrante de fé e entusiasmo, inoculou em todos, em memorável campanha de propaganda, a confiança necessária para o prosseguimento e consolidação desta nova grande lavoura cafeeira e foi assim que Ribeirão Preto depois de poucos anos, trabalhados e lavrados inicialmente pelo braço escravo e caboclo, e, posteriormente pelos braços dos imigrantes, tornou-se o maior centro cafeeiro do mundo, trazendo grande riqueza para o Brasil.
VEJA A NARRATIVA DE JOSÉ EDUARDO DE OLIVEIRA BRUNO SOBRE A CARAVANA PEREIRA BARRETO:
https://genealogiafreire.com.br/jeo_caravana_pereira_barreto.htm
VEJA OS ARTIGOS DE LUIZ PEREIRA BARRETO SOBRE A TERRA ROXA DE RIBEIRÃO PRETO
http://www.genealogiafreire.com.br/jeo_a_terra_roxa.htm?fbclid=IwAR2iNLrGLHZ1-wqCh02TF6_Nrx3J-gERLMqbKRgrsqBkPrATbEY27f6WYvo
VEJA ARTIGO SOBRE O ÊXODO DE RESENDE PARA RIBEIRÃO PRETO:
https://revistacafeicultura.com.br/historia-ribeirao-preto-despovoa-o-vale-do-paraiba-em-dezembro-de-1876-a-serie-de-sete-artigos-intitulados-a-terra-roxa/
VEJA SOBRE A HISTÓRIA E A ATUAL SITUAÇÃO DA FAZENDA MONTE
ALEGRE, EM RESENDE-RJ, DE ONDE PARTIRAM OS PEREIRA BARRETO, NO LINK:
http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/sistema/wp-content/uploads/2009/11/8_-monte-alegre_res.pdf
VEJA A SINOPSE DO LIVRO "REMINISCÊNCIAS ( De Resende,
Estado do Rio, para as plagas paulistas: S.Simão, Batatais, Altinópolis e
Ribeirão Preto), de autoria de Renato Jardim:
http://www.plataformaverri.com.br/index.php?bib=1&local=book&letter=R&idCity=24&idCategory=10&idBook=1838
VEJA O ARTIGO DO HISTORIADOR PLÍNIO TRAVASSOS DOS SANTOS
SOBRE A HISTÓRIA DO CAFÉ BOURBON, NO LINK:
http://revistacafeicultura.com.br/materia_impressao.php?mat=19954&fbclid=IwAR3YYkS92dW8HxBbU5XU5s9hM2mzO7lPC083Bv9ZZIJ-6G82bPUWosML96k
VEJA VÍDEO SOBRE A PERMANENTE PESQUISA COM O CAFÉ BOURBON,
PARA MANTÊ-LO COMO EXCELENTE BEBIDA.
https://www.youtube.com/watch?v=AlFx_bFt8B0