Em seu trabalho, o autor principia por discorrer sobre a expansão do café e da estrada de ferro no sentido de São Carlos, focalizando a necessidade de mão-de-obra, após a abolição da escravidão. Carlos José Botelho, da sesmaria do Pinhal, teria sido o pioneiro da plantação de café no município, por volta de 1.838 ou 1.840. A primeiro locomotiva adentrou a cidadem em 15 de outubro de 1.884. Consta, ainda, que o Conde de Pinhal teria sido o primeiro fazendeiro a empregar mão-de-obra livre,em 1876, ainda no tempo da escravatura, trazendo imigrantes alemães, cerca de 100 famílias, instaladas em uma colônia próxima à estação ferroviária Conde do Pinhal, sem sucesso. Posteriormente, logo no início da década de 1880, e em maior número, começou a imigração italiana. Em 1.881, um memorial histórico-topográfico do município enviado à Biblioteca Nacional assinalava que "ultimamente muitos lavradores tem experimentado com sucesso a applicação do trabalho livre estrangeiro nas suas lavouras". Segundo o autor, uma das primeiras referências à atuação colônia italiana em São Carlos, pode ser situada no ano de 1.882, quando um grupo de pessoas fundou uma associação. Consta que , em 1.886, a população italiana era de 458 pessoas. Antes dessas datas, ocorreu, por iniciativa individuais, a vinda de peninsulares. Como é o caso do Dr. Ernesto Lancia, que se estabelecera na cidade, como médico, em 1.867. No ano seguinte, consta que o governo municipal confiou a elaboração do projeto da construção da Matriz a outro italiano, Aurélio Civatti.Ao que consta, mais, a cidade veio recebendo levas de imigrantes italiano, sendo que em, 1.895, aconteceu a maior de todas, com 4.444 pessoas.De colono dos cafeicultores, os italianos, principalmente depois da crise de 1.929, tornaram-se proprietários de terras . Ainda se urbanizaram e, hábeis no trabalho mecânico, metalúrgico, textil, com madeira, com mármore, estabeleceram-se com oficinas e se deram muito bem, contribuindo para com a industrialização do município. Ademais, bons músicos e literatos participaram de bandas e fundaram jornais. Os antigos imigrantes investiram nas formaturas dos filhos, os quais passaram a exercer as profissões liberais.
O autor: Octávo Carlos Damiano, filho do escritor e poeta Orlando Damiano e de Laura de Campos Damiano, nasceu em São Carlos, no dia 25 de abril de 1.925. Jornalista e Historiador, foi um profundo conhecedor de São Carlos, suas histórias, seus costumes e folclore. A partir de 1.941, começou a colaborar na imprensa de São Carlos com crônicas sobre a história da cidade, gênero que nunca abandonou. Além desta publicação, o autor escreveu "As Favas do Senhor Major" ( 1955), "Caminhos do Tempo:nomenclatura das ruas e praças de São Carlos"( 1990), "Imprensa São Carlense - 1876-1995" (1.996) e "Italianos em São Carlos". Faleceu em 15 de agosto de 1.997.