De um modo geral, esse tipo de publicação, que surgiu na Europa por volta do século XV, contém matéria sobre um determinado território, discorrendo sobre os seus vários aspectos: história, geografia, economia, sociedade, língua, costumes, crenças, lendas, produção artística e científica, apresentadas na forma de estudos breves, notícias, curiosidades, memória, ensinamentos, comentários, transcrição de documentos, sinopses e estatísticas, discursos e material de propaganda. As grafias dos nomes são diversas, tais como almanaque,almanach e almanak. No estado de São Paulo, ao que se sabe, teriam sido publicados anteriormente, em 1.857, o “Almanach Administrativo, Mercantil e Industrial da Província de São Paulo”; em 1.863, o “Memorial Paulistano”; em 1.871, o “Almanak de Campinas”, editado por José Maria Lisboa, o qual, dois anos depois receberia os apêndices de Amparo e Rio Claro; em 1.873, o “Almanak da Província de São Paulo” e, de 1.876 a 1.888, o “Almanach Literário de São Paulo”, editado também por José Maria Lisboa. Entre 1.894 e 1.928, em São Carlos, foram publicados 06 ( seis ) almanaques. Portanto, este, ora focalizado, foi o primeiro deles. São apresentados neste site através de duas publicações: uma cópia do original, que anteriormente pertencera ao historiador Octávio Carlos Damiano e uma edição fac-similar, da EdUFSCar e Imprensa Oficial. A obra, editada por Joaquim Augusto, se inicia com um estudo sobre a “Chorographia de São Carlos”, de autoria do advogado e político Cincinato César da Silva Braga. Corografia( ortografia atual), na definição dos dicionários é a descrição de uma região ou de parte importante de um território. Nesse trabalho, Braga apresenta um detalhado histórico de São Carlos, seus limites, aspecto geral, serras, rios, superfície, salubridade, meteorologia, situação, topografia,distâncias de cidades,transporte, população, religião, divisão eclesiástica, divisão policial, divisão eleitoral, divisão judicial, milícia cívica, instrução pública, organização administrativa municipal, rendas públicas, agricultura, colonização, comércio e indústria, com dados de 1.893. Na seqüência, aparecem poemas, trecho da novela Mozart e Salieri, de Alexander Pouchkine, informações sobre autoridades administrativas, sobre instituições,entidades e empresas, artigos sobre o sol, sobre a luz, sobre o relâmpago e sobre o orvalho, relação dos produtores rurais, dos comerciantes, industriais e profissionais liberais, o Quadro Geral da oficialidade da Guarda Nacional da Comarca de São Carlos, Teor da Lei dos Impostos Municipais. Leo da Divisão do Município. Horários e relação do pessoal da Cia. Paulista de Vias-Férreas e Fluviais, contos e charadas e, ao final, uma pletora de anúncios comerciais.
O editor: Joaquim Augusto Ribeiro de Souza foi jornalista e empresário gráfico em São Carlos. De 1.889 a 1.892, editou os jornais "O Movimento", "O Diário de São Carlos" e "O popular". Também foi proprietário da Typographias d"O Popular".
Ao que consta em levantamento de Octávio Damiano, Joaquim Augusto chegou a São Carlos em 27 de fevereiro de 1889, na direção do Grupo Teatral J.Augusto, que encenou a opereta "O Phantasma Branco", de Joaquim Manoel de Macedo.Acabou por se radicar na cidade, estabelecendo-se no ramo gráfico e com o jornal O Movimento, lançado no dia 14 de julho de 1.889.Apurou-se, ainda, que ele foi secretário da Intendência Municipal, nomeado em fevereiro de 1.890. Joaquim Augusto teria falecido no dia 24 de agosto de 1895, aos 54 anos, de lesão cardíaca.