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Franca

Sumário / Índice
Veterana do Alem
de FERREIRA, Mauro
Ano: 2016
Nº de Páginas: 92 pp.
Editora: Laboratorio das Artes
A Associação Atlética Francana, fundada em 12 de outubro de 1912, por um bom tempo, principalmente aquele do Estádio Bela Vista, depois denominado de “Nhô Chico”, teve uma trajetória tão profícua quanto a cidade de Franca. Sentiu, é verdade, a importância maior que foi dado ao basquetebol. Mais recentemente, em 1977, foi campeã da Segunda Divisão do Campeonato Paulista de Futebol. Disputava a Série A3 (Terceira Divisão) do Campeonato Paulista e eventualmente a Copa Paulista. Contudo, foi rebaixada em 2015. Como deveria disputar a série B em 2016, acabou por se licenciar de qualquer disputa por 1 ano. Sem dúvida, um “capitis diminutio” para a pujante cidade e uma humilhação para os seus torcedores, que veem em melhor situação os times de Ribeirão Preto, de Batatais, de Sertãozinho, de Barretos, todos da região. Assim, inconformado com essa decadência da Veterana, como também é conhecida a Francana, irônico e cético quanto à capacidade de seus responsáveis de reergue-la, do modo costumeiro, ou seja, contratando jogadores e técnico, o autor parte para a ficção, apelando para seres do além. Então sonha que entrando em transe e insuflado pelo espírito do “Padrinho Jacu”, um sofredor torcedor alviverde, que, inclusive lhe confidenciou um plano, pôs-se a convocar um time de médiuns espíritas de todos os tempos da Franca, elencado por Ivo, Antenor, Gerson, Cassiano Ricardo e Márcio. Todos convidados e concordes, foi marcado um encontro no antigo observatório astronômico construído pelo doutor Novelino, médico e líder espírita, e que estava abandonado numa fazenda nas proximidades da cidade. Reunidos na data e hora, foi revelado o plano do “Padrinho Jacu”, ou seja, trazer de volta o velho alçapão da rua Simão Caleiro, os melhores jogadores de todos os tempos que envergaram a “gloriosa jaqueta esmeraldina”, o técnico do futebol-arte, o massagista, bem como alguns dos dirigentes e diretores mais sagazes e empreendedores da história do time. Em suma, fazer com que a Veterana, se não voltasse a ser campeã, pelo menos deixasse de apanhar “até dos cachorros”, cessando de ser motivo de zombaria dos frequentadores dos cafés da praça Barão, a “boca maldita” francana. Cientes do objetivo, os médiuns, num domingo, retornaram ao local e, ali deixados, puseram-se a nele focar. Ao meio-dia, apesar do céu azul e sol forte, faíscas, relâmpagos e trovões riscaram os céus, assustando a todos. Três horas depois, Antenor avisou que podia busca-los, estando o serviço feito. Recomendaram que se fosse para o Estádio “Nhô Chico”. Já na subida da rua Batatais em direção do centro histórico, uma nuvem esbranquiçada dominava tudo. Em meio à neblina, na esquina do Colégio das Freiras, havia pessoas fazendo a maior algazarra, um enorme júbilo envolvia torcedores, jogadores e dirigentes. O Tonho Rosa, Pacau, Hélio Giglioli, Geninho, Zé Augusto, Zé Marcos, Assis, Alemão, o técnico Eca (José Chagas) todos se abraçavam. Apartado, o presidente Tornatore tratava com empresário Santarrão o valor dos “bichos” em caso de empates e vitórias. O Egon planejava o melhor gramado. O Ewbank preparava-se para encomendar dois pares de chuteiras “Barioni” para cada jogador. Por sua vez, o Dr. Ismael Alonso orientava o massagista Venção sobre os poderes terapêuticos e anti-inflamatórios do óleo de andiroba para curar dores musculares. O velho estádio “Nhô Chico”, então, estava reluzente tal como na inauguração da reforma de 1947, impecável. À medida que contemplava esse quadro onírico, como num retrospecto cinematográfico, o autor passa a recordar de momentos gloriosos da Veterana, como aqueles da disputa com o Comercial FC e o Botafogo, ambos de Ribeirão Preto, e com o Radium, de Mococa. Porém, como em todo sonho, teve o despertar e a queda na real. Com cara de segunda-feira, num encontro com os amigos, o autor revela o sonho, a que denominou de “escalafobético”, mas que no fundo, certamente, gostaria fosse a revelação de um necessário e urgente porvir...

O autor Mauro Ferreira nasceu em Franca, em 1952. É arquiteto e doutor em Arquitetura e Urbanismo pelo IAUSC/USP. É professor aposentado da UEMG/Passos-MG e atua como voluntário no mestrado em Planejamento e Analise de Políticas Públicas da UNESP/Franca. É autor de textos literários, estudos de planejamento urbano. É um dos dirigentes do movimento cultural Laboratório das Artes de Franca, onde é domiciliado.
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