VOCÊ SABIA...que, neste 05 de
novembro, é comemorado o 34° aniversário do município
de GUATAPARÁ-SP ? Para a data, mesclam-se aquela do plebiscito que optou pela emancipação (05/11/1989) com o ano
da promulgação da Lei Estadual n. 6645, de 09/01/1990, que a aprovou. Sua trajetória
confunde-se com aquela do município de Ribeirão Preto, do qual foi desmembrado.
No que diz respeito aos seu primórdios, tem a ver com a história da FAZENDA LAJEADO,
que se originou de um conjunto de sesmarias concedidas a partir de 1807, as
quais, reunidas, acabaram por ficar na posse do Brigadeiro José Joaquim da
Costa Gavião Peixoto e da sua sucessora Genebra de Barros Leite e seu marido
José da Costa Carvalho. Estes, em 18 de abril de 1836, por escritura pública
passada no termo de Mogi Mirim (da 3ª.
Comarca -Campinas), as venderam ao alferes Luiz Antônio de Souza Diniz, casado
com Anna Claudina Diniz Junqueira, que formaram a grande FAZENDA LAJEADO,
com mais de 70 mil alqueires, então na Vila de Casa Branca, depois São Simão (a
partir de 1865), abrangendo todo o território compreendido desde a foz do
córrego Vassununga até a foz do rio da Onça, ambos no rio Mogi-Guaçu. Em
10/08/1871, o Cap. Gabriel de Souza Diniz e sua mulher Maria Cláudia Nogueira,
condôminos e descendentes de Ana Claudina Diniz Junqueira e Luiz Antônio de
Souza Diniz, requereram, perante o termo de Casa Branca, da Comarca de Mogi
Mirim (a Comarca de Casa Branca foi instalada em 06/04/1872), a divisão
judicial da “Lajeado”, com 70.540,28 alqueires. Desse total, João Franco de
Moraes Octávio, então proprietário da Fazenda Monte Alegre (hoje Campus da USP) detinha 6.268 alqueires. Não se tem uma informação exata de quem (certamente de herdeiros Diniz Junqueira) e quando João Franco de Moraes Octávio adquiriu essas terras da “Lajeado". Em 12/04/1871, houve a emancipação da área de Ribeirão Preto do município de São Simão, que teve o seu território reduzido em 63%. De lembrar, ainda, que, em 1877, aos 34 anos, Martinho da Silva Prado Jr., montado a cavalo e acompanhado pelo seu amigo e topógrafo Jesuíno de
Mello, saiu de sua fazenda Santa Cruz, em Araras, passou por Casa Branca, São
Simão, Cravinhos e chegou a Ribeirão Preto, percorrendo grande parte de sua
área. Ficou encantado com a fertilidade de suas terras. No livro “In Memoriam”
conta que “do alto do Cascavel avistou as serras do Guatapará e as terras de
João Franco de Moraes Octávio” Assim, logo depois dessa viagem exploradora (ver o texto abaixo do de "VOCÊ SABIA?" DE 17/11). Martinho da Silva Prado Jr. adquiriu terras de José Bento Diniz Junqueira (herdeiro da Lajeado), formando a Fazenda Albertina (nome de sua esposa e, hoje situada no município de Dumont-SP) Prosseguindo, em 1885, adquiriu aquele quinhão de João Franco de Moraes Octávio, formando a "Fazenda Guatapará”, nome de um
cervo com pelo manchado, espécime hoje extinta. Com grande experiência
adquirida em fazendas de café da família, mão de obra especializada e capital,
em pouco tempo, plantou 1 milhão e oitocentos mil cafeeiros. No ano de 1883, a
própria família Silva Prado, a maior acionista da Cia. Paulista de Vias Férreas e Fluviais, iniciara as atividades comerciais da Cia. Paulista de Navegação do Mogi,
cujo trajeto iniciava-se em Porto Ferreira (ao lado da Estação da Cia. Paulista), atingindo o
encontro com o rio Pardo, em Pontal, tendo por objetivo transportar mercadorias e principalmente café Por volta de 1886, os barcos atingiram o porto que se
chamava “Guatapará”, nas terras da fazenda. Extinta a linha de navegação, em
1903, com a expansão das linhas da assim nomeada Cia. Paulista de Estradas de Ferro, foi
construída a estação ferroviária de Guatapará. Em 1908, a Fazenda Guatapará recebeu os
primeiros imigrantes japoneses que vieram no navio “Kasato Maru”, para
trabalhar na lavoura de café. Por essa razão a região é hoje considerada o "berço da imigração japonesa no Brasil". Já nessa época, Guatapará era uma das
maiores produtoras de café do Brasil, totalmente auto suficiente, com uma
população de cerca de 2.000 pessoas, sendo 1.610 imigrantes. Além de maravilhosa casa sede e colônia de
casas, tinha igreja, clube, cinema e campo de futebol. Era uma fazenda modelo, que atraía visitantes
de todo o mundo, como foi o caso do Rei Alberto da Bélgica, dentre outros. Em 1913, a estação foi escolhida para servir
como um dos três pontos de entroncamento ferroviário, da Cia. Paulista com a Cia. Mogiana. Assim, passou a estar
unida com Ribeirão Preto e São Simão, situados na linha tronco da Mogiana, pelo
ramal de Monteiros. No entorno da estação que servia às duas companhias, surgiu uma pequena povoação. Em 1938,
por exigência do Governo Federal, os Estados e Municípios tiveram que
regularizar e demarcar suas divisas em pontos fixos. Foi então que, a pedido do
prefeito de Ribeirão Preto, Fábio de Sá Barreto, o Governo do Estado, por meio
do Decreto nº 9775, de 30/11/1938, criou o Distrito de Guatapará, cuja sede era
localizada na própria Fazenda Guatapará, um pouco distante da estação, em cujo entorno somente havia um bar e uma ou outra casa do chefe da estação e dos poucos
empregados das duas ferrovias. Em 1942, a Fazenda Guatapará deixou de pertencer
à família Silva Prado, tendo sido vendida para a Refinadora Paulista S.A., da
família Morganti. Em 1962, para
desenvolver o Distrito, a Prefeitura de Ribeirão Preto e a Refinadora acordaram
em transferir a sede, da fazenda para a área fronteiriça da estação
ferroviária. Assim, através da Lei Municipal nº 246, de 08/09/1962, a
sede do Distrito foi transferida para o entorno da estação de
Guatapará, que já abrigava pequena povoação. Na ocasião, de sua parte, os Morganti fizeram a doação de 5 alqueires de terras
e se comprometeram a edificar os edifícios da subprefeitura, do Cartório do
Registro Civil, do Posto Médico Sanitário e do Posto Policial. Somando a esse
esforço, a Municipalidade de Ribeirão Preto urbanizou 300 lotes, vendendo-os a
particulares. Em 12/01/1962, os Morganti iniciaram a venda de parte da antiga fazenda Guatapará. Consequência disso foi a fundação do “Núcleo Colonial
Guatapará” pela empresa JAMIC- Imigração e Colonização Ltda., e com a
colaboração da Zentak (atual Jatak), Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC) e de
sete províncias (Yamagata, Ibaraki, Nagano, Okayama, Shimane, Yamaguti e Saga), a partir da aquisição de terras pertencentes a Renato Morganti e Luciana Torchi
Morganti (ver a história desse Núcleo no texto de "VOCÊ SABIA?" do dia 12/01). No que diz respeito ao Distrito, como ressaltado, em
05/11/1989, por meio de plebiscito, os seus habitantes decidiram, pela emancipação. Assim, a elevação a município, com a denominação
de Guatapará, deu-se pela Lei Estadual nº 6645, de 09-01-1990, desmembrando-o
do município de Ribeirão Preto.
Entretanto, somente em 1992, com eleições simultâneas em todo o país, a
cidade pode eleger o seu Prefeito e os seus Vereadores, os quais tomaram posse
em 01/01/1993. O aniversário da cidade, como ressaltado, é o dia em que foi realizado o plebiscito de emancipação. Ainda sobre a antiga fazenda, prosseguindo em sua alienação, em partes, a remanescente área até então não alienada, foi vendida, em 1971, pelos Morganti, à família Silva Gordo, que a revendeu, parte para
a família Ermírio de Morais (CELPAV), hoje pertencente Sylvamo (sucessora da International
Paper), e parte para a Família Ometto, que a incorporou à área da antiga Fazenda São Martinho, a qual, nos dias atuais, constituem as terras da Usina
São Martinho e da sede do Município de Pradópolis.
VEJA TEXTO SOBRE MARTINHO PRADO JR. E AS TERRAS DE RIBEIRÃO PRETO:
http://www.plataformaverri.com.br/index.php?local=voceSabia&mes=11&dia=17
VEJA SOBRE O NÚCLEO COLONIAL GUATAPARÁ
http://www.plataformaverri.com.br/index.php?local=voceSabia&mes=1&dia=12
VEJA SOBRE A CIA. PAULISTA DE VIAS FÉRREAS E FLUVIAIS, NO
LINK:
http://www.plataformaverri.com.br/index.php?bib=1&local=book&letter=P&idCity=83&idCategory=9&idBook=1771
VEJA O TRABALHO ACADÊMICO DE AUTORIA DE DENISE ROSÁRIO SOBRE A FAZENDA GUATAPARÁ, NO LINK:
www.uniara.com.br/arquivos/file/ppg/desenvolvimento-territorial-meio-ambiente/producao-intelectual/dissertacoes/2019/denise-cristina-rosario-vieira.pdf
VEJA SINOPSES DE MAIS PUBLICAÇÕES SOBRE GUATAPARÁ, NO LINK:
http://www.plataformaverri.com.br/index.php?bib=1&local=book&letter=G&idCity=44