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VOCÊ SABIA...que, no dia 14 de novembro de 1914, foi inaugurado o CASINO ANTARCTICA pelo francês FRANÇOIS CASSOULET? No último quartel do século 19, a região e a cidade de Ribeirão “explodiram” em desenvolvimento, em face dos investimentos feitos na cafeicultura,  das chegadas da estrada de ferro e dos imigrantes, bem como em razão de eficientes administrações e iniciativas bem sucedidas de industriais e comerciantes. Terras recém desbravadas traziam os fazendeiros da “área velha cafeeira” do vale do Paraíba e da região de Campinas, bem como empresas com participação estrangeira, todos se aproveitando dos bons preços da rubiácea.  Ademais, o progresso e a riqueza exigiam mão de obra paga, principalmente a do imigrante italiano, que, assim, era consumidor de bens e serviços.  Uma ação urbanizadora, sobretudo aquela do prefeito Joaquim Macedo Bittencourt e a satisfação das necessidades de consumo e de lazer proporcionados por bem sucedidos industriais e comerciantes contribuíram para esse clima de progresso. Nesse contexto, a que se denominou a “Belle Époque” além dos imigrantes, dos industriais, comerciantes e caixeiros-viajantes, em 1894, chega o francês François Cassoulet, o qual, conseguindo a inserção no universo burguês da florescente cidade, implantou um grande negócio de cultura e entretenimento. Assim é que, alugando um terreno baldio na rua São Sebastião (entre as ruas Amador Bueno e Álvares Cabral) começou por criar, em 1895, o célebre “Eldorado Paulista”, um misto de café dançante e bordel. Os encontros sexuais, principalmente, com as polacas ou francesas, por exemplo, ocorriam “em quartinhos” e ‘puxados’ nos fundos do barracão de seu estabelecimento.  Com o passar do tempo, inaugurou os cinemas “Bijou Theatre”, na Álvares Cabral, e “Rio Branco”, na avenida Jerônimo Gonçalves. Também arrendou o teatro “Carlos Gomes” e “Polytheana”, para apresentações teatrais e cinematográficas,  e montou um rinque de patinação na rua São Sebastião. Não bastasse isso, ainda gerenciou o cinema “Odeon”, localizado na rua Amador Bueno. François, geralmente, valia-se da imagem feminina, muitas vezes seminua, a fim de conquistar uma vasta clientela que procurava esses espaços, que eram símbolos do mundo moderno, para tratar de assuntos pertinentes à esfera cultural, econômica e política e, principalmente, para a satisfação da lascívia.  Para dar um "verniz cultural", por sua iniciativa, grandes companhias teatrais aqui se apresentaram, como as de Clara Della Guardia e de Maresca Weiss.  Nesta parte, contratou  conferencistas, como o afamado criminalista italiano Enrico Ferri e o orador português Alexandre Braga. Ainda em seus palcos se apresentaram Alberto Novelli, astro da cinematografia italiana; Augustón Bárrios, violinista paraguaio, o cantor e violinista brasileiro Eduardo das Neves, os grandes ilusionistas Dr. Richards e Vely, a Companhia Arruda, a Cia. Nacional de Revistas e Operetas e muitas outras. Para que se tenha uma ideia da repercussão externa da vida boêmia local, em 1907, Monteiro Lobato, já consagrado escritor, empreendeu viagem pelo interior de São Paulo, e a propósito desta região, sobretudo quanto à suas pujança econômica e da vida noturna da cidade, assim se expressou em carta dirigida a um amigo, “em Ribeirão Preto dizem que há 800 "mulheres da vida", todas "estrangeiras e caras". Ninguém "ama" ali o nacional. O “Moulin Rouge” (estabelecimento concorrente) funciona há 12 anos e importa champanha e francesas diretamente”(in A Barca de Gleyre).  Os estabelecimentos de Cassoulet foram aceitos pelos administradores locais, embora com desconfiança pela Igreja Católica, em parte por conta do desejo febril de modernização/higienização, uma vez que, antes, a prostituição grassava pelas ruas, ferindo os bons costumes e transmitindo doenças. O sucesso de Cassoulet esteve relacionado com a união de empresários e políticos, que formaram parcerias entre o poder público e o privado. Relevância nisso teve a Cia. Antarctica Paulista. Todavia, com a diminuição da exportação de café, motivada pela Primeira Grande Guerra Mundial, de 1914–1918, esses estabelecimentos entraram em decadência. Sem desanimar, e para reverter o quadro recessivo, e acreditando na máxima de que “na bonança e na desgraça, sempre há festa”, Cassoulet partiu para o seu grande feito, que foi a parceria com a Cervejaria Antarctica Paulista, a qual, tendo por objetivo propagandear sua marca, inaugurou, em 1914, o CASINO ANTARCTICA e o RESTAURANTE E ROTISSERIE SPORTSMAN, estabelecidos entre as ruas Américo Brasiliense, 25, e Amador Bueno, sob números 64, 66 e 68, (hoje Banco Santander), cujos prédios foram construídos pela Antarctica, arrendando-os a François Cassoulet. Em seu interior, misturavam-se os coronéis, jovens, viajantes, com os mais famosos conjuntos musicais e as mais belas mulheres. Essas mulheres, quando chegavam à cidade, desfilavam em carro aberto, atraindo o público para a casa noturna. Ainda a propósito da fervilhante vida noturna, na ocasião, João Pedro da Veiga Miranda, em sua obra “Os três irmãos siamezes”, lembra que “as casas noturnas “Casino” e “Eldorado” fervilhavam. Além dos cabarés elegantes, os “chalets”, o “Parque do Rio Pardo”, a “Floresta”, a “Pensão Chic”, a “Pensão Milonguita”, a “Pensão Oriental”, a “Pensão da Gata Preta” e muitas outras, com belas mulheres, a maioria importada e os jogos de bacará, a roleta e o campista" .  Sendo um patriota francês, todos os anos, no dia 14 de julho – data nacional francesa, François Cassoulet saía em "farandula" (dança popular em roda), em frente de suas artistas com uma banda tocando a “Marselhesa”.  Em 20/11/1917, foi decretada a falência de François Cassoulet Ao encerrar as atividades como casa noturna o prédio do antigo "Casino" foi convertido na ARCA - Associação Recreativa da Companhia Antarctica, que veio a ser utilizada  pela PRA-7 domo Auditório e local de Gravações. CONFIRA as sinopses das publicações “Francisco Cassoulet” – fascículo 35, da Revista Revide n.185, texto de Paulo Viarti; (biografias); “O Rei da Noite no Eldorado Paulista: François Cassoulet e os entretenimentos noturnos em Ribeirão Preto ( 1880-1930)”, tese acadêmica de Benedita Luíza da Silva, 2000 ( biografia), “A Barca de Gleyre”, de Monteiro Lobato ( literatura ) e “Os Três Irmãos Siamezes”, de João Pedro da Veiga Miranda, 1926,( literatura)  postadas no site www.plataformaverri.com.br  - parte de Ribeirão Preto

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VEJA UM EPISÓDIO OCORRIDO NO CASINO ANTARCTICA:

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