VOCÊ SABIA... que, no dia 19 de abril de 1902, foi assinada
pelo Presidente da República, Campos Sales, com base no Decreto n. 4.036, de 08
de junho de 1901, a Carta Patente, que nomeou Francisco Schmidt como Coronel
Comandante da 72a. Brigada de Infantaria da Guarda Nacional da Comarca de
Ribeirão Preto? É uma boa oportunidade para esclarecer o que foi a GUARDA NACIONAL. O referido Decreto, em
artigo único, dispôs: “Fica creada na Guarda Nacional da comarca do Ribeirão
Preto, no Estado de S. Paulo, mais uma brigada de infantaria com a designação
de 72ª, a qual se constituirá de tres batalhões do serviço activo, ns. 214, 215
e 216, e um do da reserva sob n. 72, que se organisarão com os guardas
qualificados nos districtos da referida comarca; revogadas as disposições em
contrário”. (mantida a grafia original). Como se constata na redação do
dispositivo legal, Ribeiräo Preto já tinha outras brigadas de infantaria da
Guarda Nacional e, assim, era criada uma
outra. A Guarda Nacional
fora constituída para auxiliar na Segurança Oficial e na defesa da
Constituição, na época do Império. Teve destacada participação na Guerra do
Paraguai (de 12 de outubro de 1864 a 1° de março de 1870 ). Com a República,
contudo, as nomeações de comando já não passavam de títulos honoríficos, para
cooptar a fidelidade política do beneficiado, que, geralmente, no Estado de São Paulo, era o presidente do
Partido Republicano Paulista (PRP) de cada cidade, caso de Schimidt por aqui.
Mas, acentua-se, que nem sempre fora assim. Como ressaltado acima, a Guarda Nacional foi
uma força militar organizada no Brasil em agosto de 1831, durante o período
regencial, vindo a ser desmobilizada em setembro de 1922. Foi criada para "defender a Constituição, a
liberdade, a independência, e a integridade do Império; para manter a
obediência e a tranquilidade publica e auxiliar o Exército de Linha, na defesa
das fronteiras e costas", tendo como fundamento o art. 145 da Constituição de
1824. Era constituída por Brigadas, Batalhões e Companhias. Teve grande importância para consolidar o
império, enfrentando muito dos movimentos sediciosos surgidos após a
independência, dentre eles a “Cabanagem”(1835), a "Farroupilha" (1835/1845), a "Balaiada"(1836), a "Sabinada"(1837),a
“Revolução Liberal de 1842’ e a "Praieira"(1848-1850). Igualmente,
como lembrado, na Guerra do Paraguai, teve decisiva participação Os membros da Guarda eram recrutados entre os
cidadãos eleitores e seus filhos, com renda anual superior a 200 mil réis nas
grandes cidades, e 100 mil réis nas demais regiões. Essas pessoas não exerciam
profissionalmente a atividade militar, mas, depois de qualificados como guardas
nacionais, passavam a fazer parte do serviço ordinário ou da reserva da
instituição. Geralmente eram grandes proprietários de terras, com muito poder
ou prestígio no lugar e muitos subordinados, com liderança e cabedal financeiro capazes de mobilizarem tropas. A
patente militar ampliava ainda mais o poder político destes grupos sociais
dominantes. A Guarda Nacional tinha forte base municipal e alto grau de politização.
Como destacado, aqui em Ribeirão Preto, houve outras brigadas de infantaria,
criadas no Império e depois da proclamação da República. A maior parte dos
ricos cafeicultores das pioneiras famílias Junqueira e Pereira Barreto,
principalmente, bem como outros fazendeiros, boticários, profissionais
liberais, ostentavam patentes de membros da Guarda Nacional. Ou eram coronéis,
ou tenentes, ou tenentes coronéis, ou pelo menos capitães e majores.
Diferentemente das Regiões Velhas da cultura do Café (baixada fluminense, vale do Paraíba e, mais, as regiões de
Campinas/Jundiaí/Itu/Piracicaba/Sorocaba/Rio Claro, Casa Branca), de grande importância para o suporte do Império, por aqui, não se distribuíam os
títulos honoríficos de VISCONDES, CONDES ou BARÕES (comumente chamados de "barões do
café" ), como era próprio do período do Segundo Império, mas sim patentes
da Guarda Nacional. Tanto é que a maior parte dos fundadores da 1a. Loja
Maçônica da cidade - "Amor e Caridade" (fundada em 1° de novembro de
1872 e instalada em 1873) ostentavam patentes da Guarda Nacional, por serem fazendeiros, profissionais
liberais e boticários. Logo após a
proclamação da República, em 1891, foi aquinhoado com a patente de coronel
Arthur de Aguiar Diederichsen, rico cafeicultor e que foi o primeiro
Intendente. Ainda no período republicano, além do decreto que beneficiou
Francisco Schmidt, o presidente Campos Sales, ainda mais uma vez e através do Decreto nº 4.405, de
10 de maio de 1902, criou uma outra brigada de Infantaria para a comarca de
Ribeirão Preto, com a designação de 101ª, a qual se constituía, também, de três
batalhões do serviço ativo, ns. 301, 302 e 303, e um do da reserva, sob n. 101.
Embora não se tenha notícia da Carta Patente de nomeação de seu comandante é
quase certo, dado o ano da publicação do Decreto, ter ele beneficiado
honorificamente o rico cafeicultor Joaquim (Quinzinho) da Cunha Diniz
Junqueira, cuja ascensão como chefe político do PRP se deu nessa época. Na mesma linha, é de serem lembrados como detentores desses títulos honoríficos o Coronel Rodrigo Pereira Barreto, bem como os Coronéis Luiz da Cunha (Diniz Junqueira) e
Américo Batista e o Capitão Joaquim Firmino de Andrade Junqueira, dentre muitos outros. Esses poderosos cafeicultores locais viveram o período do
"Coronelismo", a indicar um sistema de poder, baseado no dinheiro e
na terra, que também recebeu o nome de "mandonismo", pelo controle total que exerciam no município e que comandou a
política até a Revolução de 1930. De se lembrar, ainda, do Tenente-Coronel
Médico Joaquim Estanislau da Silva Gusmão, que serviu nas Guerra do Paraguai e
que foi o primeiro médico a clinicar na cidade.
Com o advento da República, a Guarda Nacional foi transferida, em 1892,
para o Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Em 1918, passou a ser subordinada ao Exército Brasileiro,
sendo incorporada como força de 2ª linha, até ser extinta em setembro de 1922 .
VEJA QUEM FOI O CEL. FRANCISCO SCHIMIDT:
http://www.plataformaverri.com.br/index.php?local=voceSabia&mes=5&dia=18
VEJA AS SINOPSES DO LIVROS SOBRE “CORONELISMO” E “MANDONISMO”
NA REGIÃO DE RIBEIRÃO PRETO, NOS LINKS:
http://www.plataformaverri.com.br/index.php?bib=1&local=book&letter=R&idCity=24&idCategory=9&idBook=698
http://www.plataformaverri.com.br/index.php?bib=1&local=book&letter=R&idCity=24&idCategory=5&idBook=465
http://www.plataformaverri.com.br/index.php?bib=1&local=book&letter=R&idCity=24&idCategory=9&idBook=694
http://www.plataformaverri.com.br/index.php?bib=1&local=book&letter=R&idCity=24&idCategory=9&idBook=695
http://www.plataformaverri.com.br/index.php?bib=1&local=book&letter=R&idCity=24&idCategory=9&idBook=1769
http://www.plataformaverri.com.br/index.php?bib=1&local=book&letter=R&idCity=24&idCategory=10&idBook=1357
VEJA VÍDEO SOBRE A CRIAÇÃO DA GUARDA NACIONAL, NO LINK:
https://www.youtube.com/watch?v=WwujYHc16vY
VEJA VÍDEO SOBRE O CORONELISMO
https://www.youtube.com/watch?v=oFjxluZ0-cg