VOCÊ SABIA...que, em 18 de
outubro de 1895, no então Distrito de Cravinhos, foi dado início à trajetória
vitoriosa, porém curta, do grande empresário que foi RUFINO AUGUSTO DE ALMEIDA? Nesse dia foi
constituída a empresa “Rufino A. de Almeida & Comp.”, que ali instalou a
iluminação elétrica, e deu os primeiros passos para empreender a TRAMWAY VICINAL (ESTRADA DE FERRO) DE RIBEIRÃO PRETO. Como é sabido, só foi em 22/07/1897,
com a lei estadual n. 511, que aconteceu a emancipação de Cravinhos. Vindo do
Rio de Janeiro, RUFINO era engenheiro civil com experiência em ferrovias. Por aqui, chegou, por volta de 1888/1890, para implantar e gerenciar a Estrada de Ferro Chimborazo, da Companhia Agrícola do Ribeirão
Preto-CARP, então uma sociedade anônima, cujos maiores acionistas eram a Comissária de Café Buarque e Cia., do Rio de Janeiro, e Dr. Ernesto Torres Cotrim e s/m. Em 1895, quando a companhia foi vendida para Antônio Carlos Arruda Botelho, o Conde do Pinhal, Rufino pediu demissão do cargo, por não ter sido atendido em
seus planos de expansão, para atingir novas regiões cafeeiras, inclusive do
estado de Minas Gerais. Permanecendo em
Cravinhos, ele coordenou, com sucesso, um grupo de fazendeiros e, assim, constituiu,
em 18/10/1895, a empresa “Rufino A. de Almeida & Comp.”, obtendo
junto à Câmara de Ribeirão Preto, a concessão para as redes de iluminação pública e
particular do então Distrito de Cravinhos (serviço público que nessa época ainda não existia na sede do município). Provadas a sua
capacidade gerencial e grande liderança para obter financiamento, Rufino foi em frente e concebeu a ideia de
construir uma ferrovia que viesse concretizar aquele seu ambicioso projeto. Para tanto, convenceu o mesmo grupo de
fazendeiros investidores, aqueles que não tinham sido beneficiados pelo
sistema de transporte oferecido pela CARP. Por conseguinte, formam, em 1897, no Rio de
Janeiro (a Capital Federal na época), uma ferrovia agrícola, denominada Tramway (Estrada de Ferro) Vicinal de Ribeirão Preto (EFVRP) com um capital de 600:00$000,
(rebaixado para 400:000$000 em assembleia de 1899, com intenção de tornar-se
mais fácil a distribuição de dividendos), autorizada a iniciar-se na estação de Cravinhos, da linha
tronco da Cia. Mogiana (1883) e seguir em direção as barrancas do rio Pardo de
zona privilegiada de seis quilômetro de cada lado da via, sendo seus estatutos
aprovados pelo Governo em 15/07/1897. Em 1904, muda sua sede da cidade
do Rio de Janeiro para Cravinhos. Assim, a pequena ferrovia, construída
em bitola de 60 cm, partia da estação de Cravinhos, Cia, Mogiana, e
atingia as paragens de Bifurcação - Km 6,373 (1910), Manoel Amaro - Km 14,831 (1910), na fazenda Posse da Figueira; Alvarenga -Km 20,387 (1910) e Serrinha (atual Serrana) Km 28,399 (1914), esta última inaugurada quando a ferrovia já havia sido adquirida pela Cia Mogiana (1909). Da estação Bifurcação, saía o denominado "Ramal de Jandaia", atingindo a paragem Fagundes, na Fazenda União - Km 9,216 (1910) e a paragem Arantes - Km 15,469 (1910). Esses lugares, como visto, não tinham propriamente estações , as quais só vieram a ser construídas pela Cia. Mogiana. Tinham, como ressaltado, toscas paragens. A oficina, na
estação de Cravinhos, tinha uma área de 2.400 m2. O material rodante original
da ferrovia era composto por três locomotivas, dois carros de passageiros tipo
“bonde aberto” e dez vagões de cargas. Os vagões foram construídos em suas
próprias oficinas, entre 1897 e 1898, sendo: Carros de passageiros marca
“Trajano de Medeiros – RJ” comprados em 1897; Locomotivas, duas americanas,
marca Baldwin, 0-6-2st, números de série 14216 e 14217 fabricadas em 1898, e
uma francesa marca Decauville (Ateliers de Construction du Pont de Flandres,
Weidknecht Frères & Cie.), 0-6-2t número de série 293 fabricadas em
1899. As locomotivas levavam os
respectivos nomes de seus fundadores, “Rufino de Almeida”, “Dr. A. Jordão” e
“José Ignacio”. Aquele que foi chamado de ramal de Serrinha" fora aberto ao tráfego aproximadamente em 1898/99. De
ressaltar que, na sessão de
7 de maio de 1898 da Câmara, a empresa de Rufino Augusto de Almeida também
obteve a concessão da Iluminação e fornecimento de energia elétrica em Ribeirão
Preto, tendo sido estabelecida a primeira usina elétrica no ribeirão Preto,
proximidades da Estação do Barracão. Um ano depois de receber essa concessão, no
dia 26/07/1899, Rufino realizou, no prédio da Câmara Municipal, a
solenidade de inauguração. Esses contratos, sobretudo o firmado com com a
municipalidade de Cravinhos (emancipada em 1897) para a iluminação pública e particular e o
fornecimento de energia elétrica, retificado em junho de 1900 e unificado em 21
de junho de 1906 representavam grande parcela da receita da EFVRP, chegando a apresentar,
em alguns períodos, o maior lucro da companhia, sendo a energia produzida à vapor
nas dependências das oficinas de Cravinhos. Tal oficina também participava de
receita, pois eram executados serviços extras a particulares, além dos serviços
corriqueiros da ferrovia. Em 21/06/1906, a unificação dos
contratos, que proporcionou isenções fiscais e outros benefícios pela
Municipalidade, visou uma melhoria nas condições da EFVRP. Neste contrato,
algumas cláusulas previam o aumento do pátio na estação de Cravinhos, melhorias
no sistema de iluminação, novas tarifas para a cobrança desta iluminação e
obrigação de que o ramal de Jandaia fosse prolongado até as margens do rio Pardo,
cumprindo-se assim a concessão feita na formação da EFVRP com a municipalidade.
Este prolongamento bifurcava-se a pouco mais de 6 quilômetros da estação de
Cravinhos, chegando até a paragem denominada Doutor Senna, com aproximadamente
14 quilômetros de extensão. Estava a ferrovia, nesta época, com aproximadamente
35 quilômetros de extensão, 3 estações, diversas paradas, três locomotivas,
quatro carros de passageiros e dez vagões de carga. Mesmo com tudo isso, a
ferrovia seguia quase deficitária, com suas contas dando apenas para o custeio.
O primeiro ano em que a pequena ferrovia vê lucros foi 1909, quando foi possível
que fosse feita uma distribuição de dividendos, e foi sugerida a criação de um
fundo de reserva para o pagamento das dívidas. O aumento no tráfego, devido a
construção do ramal de Jandaia, e a boa safra de café de 1908 abrem a
necessidade de que dois carros de passageiros sejam construídos nas oficinas da
EFVRP, para suprir a demanda, e são entregues ao tráfego em 1909. Na ata da
assembleia de 1909, a diretoria não deixou de comentar a necessidade e
importância do prolongamento para Serrinha (atual Serrana). A pequena estrada
de ferro levou mais de 10 anos para se mostrar eficiente, isso gerou desgosto
com os acionistas, que não levaram em consideração os benefícios trazidos pelo
ramal para a cidade de Cravinhos. Assim, após a morte de seu fundador, Rufino de
Almeida, a ideia da sua venda ficou mais clara. Desta forma, ficou
decidida a venda da EFVRP para a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, em 18/11/1909, pelo preço de 471:200$000
(quatrocentos e setenta e um contos e duzentos mil réis). A venda abrangeu toda a ferrovia,
material rodante, paragens e obras de arte, linha telefônica e concessões já
estabelecidas, com exceção do contrato de iluminação pública e particular, que
se manteve com os antigos donos, tendo clausula de que, durante o período de um
ano os equipamentos da iluminação ainda pudessem ser utilizados nas
dependências das oficinas de Cravinhos, até que novo local fosse construído. Em
janeiro de 1910, já de posse da Cia. Mogiana, cogitou-se atingir a cidade de Batatais, chegando até o rio Sapucaí. Tal
extensão partiria da nova estação de Arantes (construída pela Mogiana), no ramal de Jandaia, e
prosseguiria com um total de 68 quilômetros, terminando na localidade
denominada Jatobá. Contudo, este prolongamento nunca chegou a ser executado. Algumas
melhorias foram feitas pela Cia. Mogiana, para o estabelecimento do tráfego no ramal, sendo a
construção de algumas estações: Bifurcação, no km 6,373; Manoel Amaro, no Km
14,831; Fagundes, no Km 9,216, e Arantes, no Km 15,469, estas duas últimas no
ramal de Jandaia. Em duas representações da Cia. Mogiana, em 11/01/1911 e 19/06/1911, foi
requerida ao Governo Estadual a licença para a construção, uso e gozo de um
prolongamento que, partindo da estação de Alvarenga, terminasse em Serrinha (Serrana). Tal
licença foi dada através do Decreto 2178 de 6/12/1911, sendo que, em 1912, os
projetos apresentados da extensão de 8.260 metros foram aprovados pelo Decreto 2209
de 28/02/1912. A Obra ficou a cargo do empreiteiro Antônio da Silva Lavanderia,
com custo total de 338:709$425. Foram iniciadas em 1913, e concluídas em 1914. Após
esta data, não houve grandes mudanças nos então “Ramal de Cravinhos” e no “Sub-ramal de Jandaia”. Talvez por influência da Estrada de Ferro São Paulo –
Minas, que cruzava o ramal em Serrana, e possivelmente por força de privilégios
das duas ferrovias, que possuíam o mesmo interesse de alcançar os cafezais do
sul de Minas Gerais. Administrados pela Cia. Mogiana, seguiram operacional, sendo deficitários até aproximadamente
1956, quando foram extintos. A própria estação de Cravinhos não
duraria muito tempo mais, sendo fechada em 1964, com a retificação da linha tronco de São Simão a Ribeirão Preto. Todo o material rodante foi sucateado, sobrando nos dias de
hoje apenas os prédios das estações, com exceção de Serrana. Chegava ao fim
mais uma das ferrovias agrícolas que povoavam e mudavam os cenários do oeste
paulista. Por fim é de ressaltar o quanto Rufino Augusto de Almeida era respeitado como engenheiro, uma vez que fez parte da Comissão Técnica que escolheria o projeto arquitetônico da Catedral. Consta a sua assinatura no relatório final, datado de 26/01/1901, juntamente com aquelas de Theodomiro Mendonça Uchoa, Aniceto Mazzoni, João Caetano Alves e Afonso Geribelo. Por fim Rufino Augusto de Almeida teve o seu nome perpetuado na Estação "Rufino de Almeida", inaugurada em Cruzeiro, em 1902, da E.F. Muzambinho, trecho Cruzeiro-Três Corações.
(Elaborado com subsídios
coletados no Blog Vapor Mínimo,
iniciativa de LEANDRO GUIDINI e que conta as histórias das bitolinhas de São
Paulo )
VEJA O QUE FOI A COMPANHIA AGRÍCOLA DO RIBEIRÃO PRETO:
http://www.plataformaverri.com.br/?local=voceSabia&mes=3&dia=2
FERROVIA DA CARP – FAZENDA CHIMBORAZZO, IMPLANTADA POR
RUFINO DE ALMEIDA
https://www.facebook.com/photo?fbid=2452364381574282&set=pcb.4414042242006622
https://www.facebook.com/photo?fbid=2452363674907686&set=pcb.4414042242006622
LOCOMOTIVA DA TRAMWAY VICINAL (ESTRADA DE FERRO) DE RIBEIRÃO
PRETO
https://www.facebook.com/photo/?fbid=2452364681574252&set=pcb.4414042242006622
VEJA A IMPLANTAÇÃO DA ILUMINAÇÃO ELÉTRICA EM
RIBEIRÃO PRETO, PELA COMPANHIA DE RUFINO DE ALMEIDA:
http://www.plataformaverri.com.br/index.php?local=voceSabia&mes=7&dia=26]
PRIMEIRA USINA TERMOELÉTRCA NO RIBEIRÃO PRETO, PRÓXIMO À
ESTAÇÃO BARRACÃO, EMPREENDIDA POR RUFINO DE ALMEIDA
https://www.facebook.com/photo/?fbid=1811503828993677&set=pcb.2629874993756698
https://www.facebook.com/photo/?fbid=1811504162326977&set=pcb.2629874993756698
ESTAÇÃO CRAVINHOS
https://www.youtube.com/watch?v=DMvNiGUzMmI
ESTAÇÃO MANOEL AMARO
https://www.youtube.com/watch?v=C5r3FEVyPH8
http://estacoesferroviarias.com.br/m/manamaro.htm
ESTAÇÃO RUFINO DE ALMEIDA
http://estacoesferroviarias.com.br/r/rufalmeida.htm
OBSERVAÇÃO: PARA VER TODAS AS ILUSTRAÇÕES, DEVE O AMIGO INSCREVER-SE NA PAGINA DESTE FACEBOOK "LEMBRANÇAS RIBEIRÃOPRETANAS"