Embora tenha sido publicado em 1934, o presente livro foi escrito em 1.922 e reporta o ambiente e os fatos desta época. O próprio autor, ao escrever o Pos-Facio, não soube definir se concluíra um romance ou uma reportagem. O cenário é o município de São Carlos, local da fazenda Santa Josepha. O proprietário Dr. Luciano de Barros convida para conhecer toda a atividade relacionada com a cafeicultura o jornalista carioca Joseph da Silva, o qual, para tanto, convive, por um bom tempo, com o proprietário, funcionários e fazendeiros vizinhos. Viajando pela Cia. Paulista de Estradas de Ferro, anfitrião e convidado chegaram a São Carlos, onde os esperavam o administrador da Santa Josepha, Sr. Gonçalves, e o motorista Virgolino. Cruzaram a cidade, passando pelo Colégio Sacre Coeur, Escola Normal, Forum, Grupo Escolar, Teatro, através das ruas General Osório e São Carlos. Fizeram uma parada na Confeitaria “Boulevard”. Como a fazenda ficava na região da estação de Água Vermelha, distante cerca de 2 léguas, subiram a rua( hoje avenida) São Carlos, desceram ao Tijuco Preto, tornaram a subir até o cemitério, passaram pelas chácaras de portugueses e vendas de italianos, pela ponte do Monjolinho, pegando a estrada larga até o Varjão e a estação de Água Vermelha. Na obra o autor discorre sobre a geografia de São Carlos, a qualidade de suas terras, os seus cursos d’água, como o rio Jacaré, nas divisas com Ribeirão Bonito; rio do Quilombo, para as bandas de Descalvado, e do Chibarro, fronteiro a Araraquara. Explica, outrossim, as 3 regiões do território abrangido pela Cia. Paulista, com a intersecção no Morro Pelado (Itirapina) e sua relação com a cafeicultura: A Baixa Paulista: cidades de Campinas, Limeira e Rio Claro, com cafezais decadentes e plantações de laranja (Limeira) e eucalipto (Rio Claro); Alta Paulista (daquele tempo): com a fértil terra roxa de Guatapará, terra branca de Bebedouro e o comércio de gado, em Barretos; e Vale Formoso do Tietê, com os produtivos cafezais de Jaú. Foi um tempo de grande desenvolvimento do estado de São Paulo, com o prolongamento das ferrovias Sorocabana, Noroeste, Paulista e Mogiana e extensão das áreas de exploração econômica, principalmente a cafeicultura. Por conseguinte, o estabelecimento de novas cidades e consolidação de cidades do interior, trazendo grande progresso também para a Capital. Ressalta, também, os tempos de grandeza e crise do café: de 1891 a 1896 – alta de preço, chegando a 30 mil réis a arroba; em 1.897 – queda de preço, com quebra de fazendeiros; 1906 – safra grande; 1910 – alta do preço; período a 1ª. Grande Guerra: acúmulo dos estoques e baixa do preço. 1918 – junho – a grande geada, que dizimou as plantações de café. O trabalho foi escrito após essa grande geada, que marcou profundamente a cafeicultura paulista. Em passant, o livro toca em alguns pontos característicos da época, tais como a vida política de São Carlos, monopolizada pelos dois grupos: os “cascudos”, cujo líder era o Visconde da Cunha Bueno, e os “farrapos”, liderados por Antonio Carlos de Arruda Botelho, o Conde de Pinhal. Aborda o comodismo da velha elite paulista, que perde a sua identidade e força progressista e renovadora em cotejo com o progresso, pelo trabalho, de imigrantes, sobretudo os italianos. Toca no problema da dificuldade de se convencer os colonos a enviar os seus filhos para a escola, bem como e se exigir deles higiene, dada a proliferação do tracoma. Ainda revela a obra, o preconceito que existiu no seio das famílias tradicionais com relação a união de seus filhos com os filhos dos colonos ou bem sucedidos italianos. Como era de se esperar todo a atividade da cafeicultura, desde o preparo da terra até o embarque do café para a exportação é exaustivamente explicado pelo fazendeiro ao jornalista. Revela ainda o poder do terratenente, inclusive de seduzir a mulher de um funcionário. Enquanto o guarda-livros Lemos permaneceu fora do lar, o fazendeiro Dr. Luciano relacionou-se, intimamente, com sua esposa Margarida, que por sinal era a professora da escola da fazenda. O fato quase provoca uma tragédia, pois Lemos descobrira a traição, mas revoltou-se, atirando no patrão, ao não aceitar este a sua chantagem financeira. O final da obra revela o quanto o sexo é forte e pode comandar a conduta das pessoas. O autor Estanislau Rubens do Amaral, nasceu em São Carlos, em 14 de março de 1890, e faleceu , em São Paulo, em 1964). Foi um jornalista e escritor brasileiro. Ocupou a cadeira 9 da Academia Paulista de Letras. Também era primo do poeta Amadeu Amaral. Foi um dos fundadores do Diário da Noite, tendo, após a aquisição do jornal por Assis Chateaubriand, sido redator-chefe.[4] Ocupou a mesma função no Diário de São Paulo[5] e também foi diretor da Folha da Manhã até 1947.Foi eleito deputado estadual em São Paulo em 1947 e, depois, ocuparia o cargo de vereador na cidade de São Paulo por várias legislaturas, pela UDN.Livros publicados:União Soviética - Inferno Ou Paraiso? - Editora Martins, relatando semanas de permanência, como jornalista, na União Soviética de Stalin; Os Cristãos e o Problema da Terra - editora: Anhembi – 1956; Terra Roxa – 1934; Luzes do Planalto - Conselho Estadual de Cultura, Comissão de Literatura.
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