Trata-se de uma obra que, mais do que biográfica, conta a saga, contada por um seu neto, de Francisco da Cunha Bueno, que formou a fazenda Santa Eudóxia, núcleo inicial do atual distrito de São Carlos, como o mesmo nome. Francisco da Cunha Bueno nasceu em São Paulo, aos 28 de dezembro de 1829 e alí faleceu, em 28 de abril de 1903. Foi tropeiro, fazendeiro, vereador em Rio Claro e chefe do conservadores em São Carlos. Começou a vida como tropeiro, trazendo muares do Rio Grande do Sul para o mercado de Sorocaba. Firmou-se na terra com fazenda em Indaiatuba-SP ( Fazenda Angélica), ocasião em que se casou ( 1851) com a filha da proprietária vizinha, Eudóxia Henriqueta de Oliveira ( Dócinha). Em sociedade com a sogra-viúva, Anna Retórica, adquiriu, em 1.854, terras no lugar chamado "Morro Grande"( que acabou ficando com a sogra) , perto de Rio Claro, e outra mais distantes, no lugar de nome "Itaquiri". Em 1.859, nasceu a filha Sebastiana Eudóxia.Enquanto esteve morando em Rio Claro, para formar a "Morro Grande", alí foi vereador, de 1.873 a 1.874 ( interrompeu o mandato que iria até 1.876). Ainda residindo em Rio Claro, em 1860, deu início a formação da "Fazenda Itaquiri".Para tanto, pôs-se à frente de vários carroções, uns puxados por muares, outros por bois, seguidos por cerca de 100 cavaleiros, conduzindo tropas de muares, equinos,bovinos, ovinos e caprinos. Em 1874, a esposa Eudóxia ( Dócinha) foi envenenada pela escrava Dita, a mesma que, em 1.867, envenenara sua mãe, Anna e o irmão Emílio, sendo absolvida por falta de provas. Nesse ano de 1.874, com 15 anos, Sebastiana Eudóxia casa-se com o primo e médico Alfredo Ellis. E nesse mesmo ano, após ter ficado viúvo, comprou a Sesmaria do Quilombo, em sociedade com o genro.Em homenagem à falecida esposa, deu o nome à propriedade de Fazenda Santa Eudóxia, que com o tempo passou a chamar-se Santa Eudóxia do Quilombo. Cunha Bueno, o genro e a filha então passaram ali residir, tendo plantado as primeiras mudas de café e de cana-de-açúcar, em 1.875. Em 1.880, a fazenda iniciou a exportação de café, através de barcaças pelo rio Mogi Guaçu até Porto Ferreira, onde era feito o transbordo para os vagões da Cia. Paulista de Estradas de Ferro. A produção da Santa Eudóxia chegou a ser de mais de dois milhões de arrobas de café. Em 1.882, Cunha Bueno e o genro Alfredo Ellis se desentenderam, saíndo este da sociedade. Em 1.883, O Cel. Francisco da Cunha Bueno mudou-se da fazenda para São Carlos, vindo a chefiar o Partido Conservador.Nessa condição, em 1.886, hospedou-se em sua casa do Imperador D. Pedro II, a quem fez algumas observações sobre decisões políticas do Ministério, que estariam prejudicando a Monarquia, junto aos produtores de café.Foi agraciado em 7 de maio de 1887 com o título de Barão de Itaqueri, depois modificado, em 6 de junho de 1887, para Barão de Cunha Bueno, e depois elevado a visconde, em 2 de janeiro de 1889, nos extertores da Monarquia.Ainda em 1.887, chegaram os primeiros imigrantes italianos em Santa Eudóxia. Ainda no ano de 1.889, casa-se em 2as. núpcias com Teresa de Campos Aguirre. No dia 5/5/1893, foi inaugurada a ligação ferroviária S.Carlos-Santa Eudóxia. O autor Alfredo Ellis Júnior, historiador, sociólogo, ensaísta e professor, formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1917 e tornou-se promotor público. Foi deputado estadual de 1925 a 1930 e de 1934 a 1937. Participou do Grupo Verde-amarelo, colaborando na revista Novíssima. Combateu na Revolução de 1932. Em 1939, por concurso, tornou-se catedrático de História da Civilização Brasileira da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, da qual foi diretor de 1939 a 1941. Como historiador, preocupou-se principalmente com a história de São Paulo. Publicou um número considerável de obras, além do presente livro, publicou outros, entre eles: Raça de gigantes (1926), Populações paulistas (1934), Capítulos da história social de São Paulo (1944), Meio século de bandeirismo (1946), O café e a paulistânia (1950). Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, do Instituto de Estudos Genealógicos e da Academia Paulista de Letras, onde ocupou a cadeira 18.
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