Na contra-capa deste livro, o cineasta Ivan Cardoso, que é o mestre dos filmes “terrir”, que designa aqueles que mesclam humor e terror, garante que Rubens Francisco Lucchetti é o único autor “pulp” brasileiro. Apenas para esclarecer, revistas (pulp magazines), novelas, romances e filmes, em geral considerados subliteratura, que se caracterizam por aventuras com violência, chocantes e sensacionalistas. Diz, mais, ser Lucchetti o Lovecraft de Ribeirão Preto. A saber, Howard Phillips Lovecraft (Providence, Rhode Island, 20 de Agosto de 1890 — Providence, Rhode Island, 15 de Março de 1937) foi um escritor estadunidense que revolucionou o gênero de terror, atribuindo-lhe elementos fantásticos que são típicos dos gêneros de fantasia e ficção científica. Não obstante sua importância nesse gênero literário, com milhares de livros escritos e publicados, sendo a maior parte de sua obra não assinada com o seu nome, como ainda acentua Cardoso, Lucchetti é marginalizado e considerado “trash”. Embora tenha nascido em Santa Rita do Passa Quatro-SP ( 29/01/1930) e vivido em São Paulo (1933-1945 e 1966-1972), Ribeirão Preto (1945-1966 e 1982-1995) e Rio de Janeiro (1972-1982), desde 1995, reside ele na vizinha Jardinópolis-SP, terra natal de sua mulher Tereza Pereira Lima, falecida em 2011. Na adolescência, seu pai ficou desempregado, vindo a família a mudar-se para Ribeirão Preto, indo morar numa das casas do “nonno” materno. Trabalhou em loja de autopeças. De 1.956 a 1.958 passou a escrever seriados, para a PRA-7 – Rádio Clube de Ribeirão Preto. Já na era da televisão, igualmente trabalhou em Ribeirão Preto, na antiga TV Tupi – Canal 3, onde produzia e apresentava todas as semanas um programa que era um enigma policial proposto para o telespectador ( um roubo, um assassinado ou uma fraude), o qual intitulava-se Quem Foi?, com dois personagens fixos, um investigador e um delegado. Voltando para São Paulo, em 1966, na TV Bandeirantes e na TV Tupi escrevia scripts para programas de suspense, dentre eles o Estranho Mundo de Zé do Caixão, apresentado por José Mojica Marins. Na Capital, lançou o seu primeiro livro, o qual considera sua obra-prima “Musica Secreta”. A partir de 1.968 até 2004, passou a exrever histórias, livros e roteiros sob encomendas, valendo-se de heterônimos, tais como "Theodore Field", Christien Gray" e Frank Luke", do gênero violência e terror, totalizando 1.547 títulos, os quais foram vendidos, principalmente em bancas de jornais. Dada a sua paixão por cinema, em Ribeirão Preto, organizou, em 1960, a “Semana Chapliniana” e, em 1965, o “Chaplin – Show. A propósito do presente livro, o autor Rafael Spaca pesquisou bem a trajetória de vida e do trabalho de Lucchetti é com ele realizou uma longa e inteligente entrevista , objetivando esclarecer pontos dessa trajetória. Assim é que aborda a parceria de Lucchetti com José Mojica Marins, o Zé do Caixão; igualmente a parceria com o cineasta Ivan Cardoso; foi mencionado o curta feito pelo cineasta Carlos Adriano em homenagem a Lucchetti, com o título de “O papa da pulp: R.F. Lucchetti – faces e disfarces”; também foi mencionada a parceria com o cineasta Nico Rosso. Outrossim, nestas “Conversações”, Lucchetti se manifesta sobre técnica literária, técnica cinematográfia, cinema nacional, crítica, censura.Embora tentasse o entrevistador não obteve informações sobre a vida pessoal do autor, bastante reservado nesta parte. Ao final, o autor abre espaço para que o filho de Lucchetti, Marco Aurélio, relaciona os filmes, cujos roteiros foram elaborados por Lucchetti. O autor Rafael Spaca tem participado, como jurado, em festivais de cinema, e vem sendo agraciado com homenagens de reconhecimento pelo seu desempenho em favor do cinema nacional, por meio do blog “Os Curtos Filmes”, do qual é editor-fundador. É membro do conselho editorial da revista Acrobata, apresentador do programa Zootropo ( TVV Cronópios) e redator do portal de cultura “interrogação”. Em 2.013, publicou o livro “Curta-Metragem – compilação de ideias e entrevistas do blog os Curtos Filmes”. Atualmente trabalha na produtora O2 Filmes.
|